28/02/2016

Entrevista: Kristen para a AnOther Magazine



Tinha começado a chover quando cheguei ao prédio da Chanel na rua Cambon. Eu estava lá para conhecer Kristen Stewart, que estava em Paris por alguns dias após terminar Personal Shopper, sua última colaboração com o diretor Olivier Assayas. Nós tínhamos combinado de nos encontrar após seu compromisso da manhã e então irmos almoçar. 


Rumo ao norte, acabamos em um canto quieto da Rose Bakery no 9º distrito. O lugar era calmo após a correria da manhã. Sentado em frente à Stewart, a primeira coisa que percebi foi seu total foco. É uma presença fundamentada que é tão evidente em muitos de seus trabalhos – aquela energia impulsiva que serpenteia entre suas performances, mantendo cada momento vivo com um senso de espontaneidade e a rara habilidade de revelar a verdade humana em frente da câmera. Se ela desistisse após a franquia de muitos filmes que a trouxe para o palco do mundo, ela já teria alcançado uma carreira que muitos atores passam a vida tentando; mas Stewart estava apenas começando. Ao longo dos últimos anos, ela construiu um conjunto de trabalho, provando um talento único e convicto. 

Não é nenhuma surpresa que sua representação magnética de Valentine em Clouds of Sils Maria de Assayas tenha dado a ela troféus do New York Film Critics Circle e o César. Mais focada na descoberta do que no destino, Stewart está levando tudo isso em sua caminhada. Com vários projetos em curso, incluindo filmes com Woody Allen, Ang Lee e Kelly Reichardt, 2016 parece outro ano ocupado para a estrela rebelde de Hollywood.

REPORTER: Você vive no leste de Los Angeles, certo? Eu não conheço essa parte da cidade.

KRISTEN: É um dos únicos lugares em LA onde você encontra coisas que não tem uma segunda versão delas. Não é muito comercial. Eu não sei onde eu iria morar em Los Angeles se não tivesse o lado leste.

R: Na última vez que estive em LA, eu fiquei no Ace Hotel.

KS: Eu gosto do centro da cidade.

R: Ainda tem aquelas lanchonetes antigas e cinemas desertos.

KS: Sim! Eu vi a Patti Smith no Ace.

R: Sério?

KS: Nós saímos e conversamos, mas foi a única vez que a vi ao vivo, e esse é um lugar muito legal. Eu estava sentada na área do som, e no meio do show ela desceu para falar oi e eu fiquei tipo, “Volte para o palco, sua louca! Obrigada, mas pare!” Foi incrível.

R: Como vocês se conheceram?

KS: Em uma after party para alguma coisa de On the Road. Eu estava em um estado frágil, para ser honesta. E também, em uma multidão que estava bastante concentrada em, você sabe… mim. E ela veio e perguntou se estava tudo bem.

R: Ela sentiu.

KS: Ela sentiu totalmente. Eu disse, “Sim, estou bem.” E ela disse “Não, não digo agora. Seu pessoal está aqui por você.” E eu fique tão desarmada por apenas vindo falar comigo. E então, depois eu fiquei “Oh Deus, aquilo realmente foi…. um grande presente, cara.” E nós começamos a nos falar desde então. Ela fala sobre o trabalho o tempo todo, e está sempre me motivando a focar nisso. “Trabalhe como uma salvadora.”

R: É como funciona com ela; é uma disciplina.

KS: Sim! Ela é muito disciplinada.

R: Você possui alguma outra figura mentora em sua vida?

KS: Artisticamente, Patti é a maior de todas.

R: Ela realmente entende o processo criativo e o quão pessoal isso é.

KS: E ela reconhece quando as pessoas são verdadeiras, e é uma compulsão, não é algo que eles estão “tentando”. Eu acho que ela é assim para muitas pessoas. Ela é tipo “Cara, vamos lá. Me acompanhe! Faça algo, me impressione, faça algo, não pare!”

R: Eu acabei de comprar uma cópia de M Train antes de chegar no aeroporto.

KS: Eu tenho que ler esse, ainda não li.

R: Tem uma passagem perto do começo onde ela está descrevendo a noite de Ano Novo. Ela terminou de escrever e começou a assistir ‘O Evangelho Segundo São Mateus’. E ela nota que “A jovem Maria de Pasolini lembra a igualmente jovem Kristen Stewart.” E então ela vai receber o novo ano.

KS: [Risos] Isso parece muito legal…

R: Você está imortalizada na literatura.

KS: Wow, isso é incrível! Eu nem sabia. Just Kids realmente me estimulou porque, você sabe, eu sou agitada. Eu não consigo sentar e ficar parada, e naquela época eu ainda estava tentando entender o que eu poderia fazer com isso. Agora eu escrevo mais, e nós mandamos coisas uma para a outra. E estou pintando.

R: Uau! Que tipo de trabalho?

KS: É mais sobre aplicação, como se sente ao colocar. Eu gosto muito de palavras. Tipo eu realmente amo fazer isso. Quando você encontra a palavra certa para alguma coisa, para mim, não há nada mais gratificante. Acho que é por isso que eu gosto de atuar, porque eu gosto de ser entendida. Eu quero sentir alguma coisa, e quero ter certeza que você está comigo e que não perdi nenhuma emoção, nenhuma palavra. Eu amo esse sentimento. Você sabe, eu não sou solitária, não mesmo. Eu quero –

R: Compartilhar.

KS: Sim! Muito!

R: Você parece realmente abraçar o processo da descoberta, ao invés de simplesmente procurar um resultado final.

KS: Eu tenho que ser sobre o processo, porque não sou muito limitada. Eu sempre vou estragar o grande momento. Sempre. Mas o meu jeito de chegar em algum outro lugar, é sempre inesperado. E eu amo trabalhar assim, eu amo consumir a arte desse jeito, onde você sabe que é um pouco sujo, mas você pode sentir o que te levou a chegar lá. De A para B, o que está dentro que é tão repleto, tão cheio. Algumas vezes as coisas que você pensou que queria sentir, você está errado e é alguma outra coisa.

R: Seu processo como atriz mudou muito ao longo dos anos?

KS: Meu processo tem sido mais validado, mas não mudou. Eu tive algumas experiências com alguns diretores e alguns atores que foram tão libertadoras, que eu apenas não questiono mais se o meu processo não alinha com o de outra pessoa. Eu sou muito boa em escolher as pessoas com quem eu deveria trabalhar, e eu quase nunca estou errada. Eu sei quando eu conheço alguém se nós vamos dançar. E eu não quero construir nada com ninguém. Eu quero dançar. Como nesse filme que eu terminei [Personal Shopper]. É sobre uma menina que está de luto pela perda de seu irmão, vivendo em Paris e que tenta entrar em contato com ele obsessivamente. E também é uma história de fantasma realmente assustadora, sobre a solidão e o que você acredita que é a realidade. O filme me matou, literalmente, ele me tinha correndo por Paris, 15 horas por dia, seis dias por semana. Tipo, só me esforçando o tempo todo. E então, agora, eu estou muito morta. Eu literalmente vou chegar em casa e desmoronar, mas eu amo isso. Tipo, sinceramente, eu não sei muitas pessoas que se sentem desse jeito, nunca. Eu sinto que eu me esforcei em um grau tão louco que eu descobri o que é estar viva, mais do que muitas pessoas se permitem.

R: É esse sentimento incrível de imersão.

KS: Eu amo a palavra “imersão”! Eu escrevi um poema recentemente. “Gravada em sua imersão.”

R: Quando você se doa completamente para algo.

KS: Oh meu Deus, quando você está no set, e você sabe que tem 10 horas restantes, mas você está tremendo e pode cair, mas isso nunca acontece. E quando você chega ao final e, toda vez, você se pergunta “Como isso foi possível?” Eu sou muito mais forte do que me dou crédito.

R: Você é curiosa. Isso alimenta a sua pesquisa? Você é impulsiva?

KS: É estranho. Eu tenho essa aversão a trabalhar muito antes de um projeto, e então eu me dou um chute por isso. Eu realmente acredito no tempo, e eu sinto que se eu começar a entrar em algo, se eu conseguir uma ideia, e não for o momento certo, não for capturado, então eu vou morrer. Vou ficar muito chateada.

R: Você protege a ideia até que esteja pronta para sair?

KS: Sim, eu literalmente ignoro até ter que encarar. Para papéis que eu tive que pesquisar, eu fui sortuda. Como quando interpretei Joan, ela estava lá. Então ela não ia me deixar cair.

R: Ter Joan Jett com você no set, observando pelos seus ombros? Uau!

KS: [Risos] Foi o único jeito em que eu não iria me sentir uma fraude completa. E, novamente, ela é uma Patti para mim, com certeza.

R: Você trabalhou com Tim Blake Nelson. Eu amo o trabalho dele. O quão diferente é trabalhar com um diretor que já foi ator?

KS: Tão diferente. Porque, bom, há um entendimento de que é um processo, e nem sempre vai funcionar. Alguns diretores são tipo, “Ok, eu fiz meu trabalho, agora é sua vez. Vai.” E você fica,“Uhhh….” Eu não tenho pequenos botões que eu posso apertar. Nós precisamos encontrar esses botões, e você precisa ajudar. Então sim, trabalhar com atores como diretores é incrível, porque eles são sensíveis e cientes do tempo, do humor, e da energia e é como capturar um raio em uma garrafa quando você consegue algo, e não é uma mentir e sim uma construção. Foi realmente uma experiência fundamental.

R: Eu acho que é essa balança de foco e não deixar o lado técnico do cinema ficarem no caminho.

KS: O que eu tenho um enorme respeito. Eu amo esse processo também. Você sabe, meus pais são da equipe. Minha mãe é uma supervisora de roteiro, meu pai é assistente de direção. Todos os meus irmãos trabalham em estúdio. O meu avô era o primeiro assistente de Cecil B DeMille.

R: Uma verdadeira herança do cinema.

KS: Está incorporado em mim, eu nunca iria querer fazer outra coisa. Mesmo que eu não fosse atriz, eu ainda estaria na indústria do cinema de algum modo.

R: Em um filme, a equipe vira quase como uma família.

KS: Sim, é a porra de uma família! E você sente a paixão deles. Você não pode fazer esse trabalho a não que você ame, porque é muito difícil, e um pouco ingrato, a não ser que o que você esteja levando disso é o trabalho. Mas para ser um verdadeiro “membro da equipe feliz” você precisa amar, e meus pais amam.

R: Você faria filmes por você mesma?

KS: Oh sim, eu planejo. Tipo, eu mal posso esperar. Eu preciso.

R: O que é esse impulso?

KS: Você tem um gostinho disso em um filme quando você está trabalhando com alguém que entende que vocês estão fazendo isso juntos. Eu quero ajudar as pessoas a sentirem. Não é sobre ser apenas uma contadora de histórias, é a experiência, é A mais B. Permitir que as pessoas fiquem confortáveis para que então elas baixem a guarda. Eu amo quando acontece comigo.

R: É sutil.

KS: É difícil pra caralho de fazer isso. Sim! Novamente, é essa dança.

R: Quais filmes inspiraram você quando criança?

KS: Eu amava Taxi Drive. Já vi milhões de vezes.

R: Eu não esperava isso.

KS: Meus pais não me protegeram de nada do tipo. Eu definitivamente vi coisas que a maioria dos pais nunca deixariam seus filhos verem, mas realmente – se eu tiver filhos, o que eu planejo, provavelmente, eu não vou colocá-los em um escudo contra o mundo em que eles vivem, para que eles só criem medo. Digo, há uma balança, mas…

R: A balança inclina quando se trata de lixo da TV e exposição aos tablóides.

KS: Pessoas que estão interessadas em vender a vida como se fosse uma história em quadrinhos? É apenas dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro. É uma distração, e muitas pessoas ganham muito dinheiro com isso, porque nós queremos uma distração.

R: E há um apetite realmente doentio que precisa ser alimentado.

KS: Totalmente, e todos nós temos isso. Eu olho o meu feed do Instagram a cada 30 segundos, esperando outra foto que eu nem estou interessada aparecer.

R: Muitos atores sentem a pressão de pular nas redes sociais, tipo, “Eu tenho que fazer isso ou eu não irei trabalhar!”

KS: Não, você não precisa! Quem te disse isso? São crianças, também, e atores mais jovens que são ditos isso, e é tipo, “Cara, quem te disse isso? Quem você tem ao seu redor?”

R: Faz o processo ser sobre auto consciência, sobre procurar aprovação.

KS: Sim, você está seguindo seu caminho, criando uma expectativa. Estou tentando me livrar disso.

R: Parece que você protege muito bem o que é importante para você. Isso é mais decisão ou impulso?

KS: Eu sou impulsiva pra caralho, é uma falha. Quando Crepúsculo saiu, eu fiquei famosa pra caralho da noite pro dia, eu estava com muita repulsa e com medo. Eu estava muito assustada. Eu literalmente comecei a construir esses muros em todos os lugares.

R: Muita desconfiança?

KS: Exatamente, o que é uma pena. Eu definitivamente já derrubei alguns desde então. Você precisa saber o que está acontecendo, você precisa ver através do muro. Não pode ser tão alto que você esteja totalmente isolada. Mas eu realmente nunca tive o desejo de compartilhar com pessoas que não conheço.

R: Eu não acho que Instagram seja sobre compartilhar.

KS: Não é sobre compartilhar, é sobre atenção. São só pessoas inseguras precisando de “Você é incrível, você é incrível” todo segundo do dia. E a maioria dos atores são assim. Nós somos sensíveis. Até os bons.

R: Eu ouvi sobre o New York Film Critics Circle para Sils Maria. Para alguém que não se define por conquistas passadas, onde isso fica?

KS: Eu realmente não sou a pessoa que ganha as coisas. Então eu me acostumei com a ideia de que nunca, nunca iria acontecer. Mesmo se eu fizer algo muito bem, mesmo se eu arrasar e nunca conseguir fazer melhor, ou ser mais verdadeira, eu ainda assim não vou ganhar. Como o César, ganhar aquilo na França! É louco! E também, o filme saiu anos atrás, e é estrangeiro, e é meio diagonal, não é muito objetivo. Performances que são reconhecidas nos Estados Unidos são geralmente muito extremas, é sempre, “Estou gritando e chorando!” Ou, como uma mulher, “Eu conquistei… alguma coisa!” Você sabe? Mas Sils Maria é realmente pensativo, quieto e tênue, e como uma pequena meditação sobre algo. Eu amei o filme, eu realmente estou orgulhosa pra caralho dele, e acho que eu e Juliette [Binoche], aproveitamos algo com a ajuda de Olivier. Realmente me surpreendeu.

R: E em casa?

KS: É legal conseguir esse tapinha nas costas, com certeza. Especialmente considerando de onde eu venho. As pessoas realmente são loucas por essas coisas. É como concorrer a presidente, tentar ganhar um Oscar. É como diplomacia. E eu estou te dizendo, parte de você se sente bem com isso, porque você quer que as pessoas saibam que você se importa. E não há desonestidade nisso. Mas essa coisa toda de correr por isso… Eu nunca vou fazer. Eu estava chocada, de verdade. Eu sempre digo que sou “enorme” na França [risos].

R: Eu lembro de ter falado com Ben Gazzara uma vez, ele estava tipo, “Você sabe, eu percebi que eles me amam na França.”

KS: [Risos] Não é uma coisa ruim.

R: Como aconteceu a parceria com a Chanel?

KS: Eu conhecia eles por anos. Foi como o próximo passo em um relacionamento. Karl [Lagerfeld]é incrível de se trabalhar. Ele é obcecado com informação e detalhes, quase em um nível de TOC. Ele é realmente obcecado com a história das coisas.

R: Ele é super bem informado.

KS: Ele é educado, e ele é educador. Tudo o que ele quer fazer é ensinar coisas para as pessoas; tudo o que ele quer é ter certeza que você sabe qual o tipo de rolo de filme que ele costumava usar para filmar uma fonte na Itália, e o motivo pelo qual ele queria fazer isso, e quem sentou nessa fonte em 1910, ou qualquer coisa assim. Ele sabe anos, nomes, datas – tipo especificamente, e ele é obcecado com passar isso adiante. Você pode dizer. Ele realmente parece um avô, tipo, “Hey, escute isso! É importante!” Ele nunca se questiona criativamente no set, também. Ele é tão confiante que você apenas entra na linha. E ele nunca leva muito tempo. Eu já trabalhei com ele em coisas de cinco minutos e outras de um dia inteiro. Se ele pegar algo no momento, ele vai apenas dizer,“Coloque o palito de dentes em sua boca, mas um pouco mais para cima,” e então, “Aqui foi legal, terminamos! Não façam perguntas.” Ele se arrisca.

R: É engraçado, eu escrevi um monte de perguntas para fazer a você, durante meu vôo para Paris, e eu não olhei para o meu caderno uma vez.

KS: Essa é a coisa; algumas vezes você tem que fazer isso. Só para sentir que você está pronto, para ter confiança em entrar em alguma coisa, e então você pode jogar fora. Está em seu corpo, é memória muscular.

R: É como estávamos dizendo antes: impulso, impulso, impulso. É como aquela citação, “Dance como se ninguém estivesse olhando, ame como se nunca tivesse se machucado.” 

KS: Eu gostaria de poder dançar como se ninguém estivesse olhando. Eu dancei em uma noite e foi bom pra caralho. E não tem nada a ver comigo. Eu sinto muita inveja de pessoas assim. Eu sou muito física, mas eu preciso me soltar mais. Sinceramente, eu gostaria de poder dançar mais. Isso é tudo.

R: Eu amo o sentimento de se perder no momento.

KS: Eu também, é a minha coisa favorita do mundo.

R: Eu assisti The End of the Tour recentemente, e no final do filme Jason Segel (que interpreta David Foster Wallace) vai para uma Igreja Batista para se perder – ele fica dançando tão livremente.

KS: Eu preciso ver isso. David Foster Wallace é o cara. Eu desenhei uma tatuagem para Sils Mariabaseada em seu discurso ‘This is Water’. São dois peixinhos, e então um peixe maior. Foi muito legal. Eu acho que vou fazer uma tatuagem hoje.

R: O que você vai fazer?



KS: Vou fazer “One more time, with feeling” (Mais uma vez, com sentimento). E usei que e super cliché, mas “One morte time, with feeling”, me encarando, para que eu possa ver, e na minha escrita e nessa veia. Porque eu estrago muito as coisas. Mas nunca paro. O trabalho nunca para.“Mais uma vez, com sentimento. Faça de novo, faça de novo. Oh, você acha que estragou tudo? Você acha que não foi bom o bastante? Adorável, faça de novo, faça de novo, faça de novo, faça de novo.”

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